domingo, 17 de junho de 2012

Pranto amargo


Ando por uma terra
onde tudo é sequidão.
Já não vejo boi vistoso,
vejo boi magro no chão.

Vejo a moça que lê O quinze
e chora sua condição.
Vejo roceiro ir pra cidade
em busca de solução.

Vejo animais morrendo,
sem ter como se valer.
Vejo famílias em luto
overbo é apenas morrer.

Olho pro céu tristonho
e fico a matutar.
Por que tamanha judiação?
Eu quero apenas plantar.

Única água que vejo,
essa não serve não.
É a água dos meus olhos,
pranto amargo do sertão.

Já fazia trinta anos.
Essa veio pra se vingar.
São José inda não deu jeito,
o negócio é lamentar.

A espera castiga gado
castiga terra, plantação.
Leva nossa gente a dizer:
essa terra tem jeito não!

A cidade começa a sentir
a falta que a chuva faz.
O leite já tá faltando
na mesa daquele rapaz.

Os doutores se reúnem
a fim de discutir.
Falam de métodos
pra fazer água fluir.

Mas se sou mesmo um forte
Como dizem por aí,
vou fazer valer o ditado,
não vou deixar minha fé sumir.

Vou esperar água do céu,
essa com fé há de chegar.
E com alegria vou dizer,
essa é pra plantar.

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