terça-feira, 8 de junho de 2010

Um pouco de intertextualidade

Estava na fila do banco ontem (07/06/2010) e ao ouvir a música cantada pelo Titãs, lembrei do poema de Bilac.

Epitáfio (Sérgio Britto)

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...


Remorso (Olavo Bilac)

Às vezes uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando,
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!

Sinto o que esperdicei na juventude;
Choro neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude.

Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!



2 comentários:

  1. O POEMA DO BILAC É MUITO LEGAL, MAS ESSA LETRINHA DO ´SEGIO BRITTO... FORÇA SEMPRE, COMUNA!

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  2. Ué, ia falar de intertextualidade sem me chamar? Tava com saudades de comentar no teu blog Gal... Então, vc já iniciou o caminho... Mas toda vez que vejo a música do Sérgio ou o poema de Bilac, me vem o poema de Gregório como a prevenção do remorso:

    1º SONETO A MARIA DOS POVOS (319)

    Discreta e formosíssima Maria,
    Enquanto estamos vendo a qualquer hora
    Em tuas faces a rosada Aurora,
    Em teus olhos e boca o Sol e o dia,

    Enquanto com gentil descortesia
    O ar, que fresco Adônis te namora,
    Te espalha a rica trança voadora
    Quando vem passear-te pela fria,

    Goza, goza da flor da mocidade,
    Que o tempo trata a toda ligeireza,
    E imprime em toda a flor sua pisada.

    Oh não aguardes, que a madura idade,
    Te converta essa flor, essa beleza,
    Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

    Assim como diz Lulu Santos: "Hoje o tempo voa amor, escorre pelas mãos, mesmo sem se sentir. E não é tempo que volte amor. Vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir!"

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