quarta-feira, 29 de junho de 2011



O Encanto



Envolta em meus braços
ao ver-te dormir
Te admiro deveras
E consigo sorrir.

Ao tocar tua face
Sinto macia
Tua mão pequenina
Me acaricia.

Em cada traço da tua formação
Asseguro veemente:
É Deus o Autor
dessa perfeição!

A tua inocência
Me torna refém
Teu nome é Beatriz
E te desejo o bem.



No 1º aninho de vida da minha sobrinha Beatriz, nasce, dedicado à ela, este sincero poema.



terça-feira, 21 de junho de 2011

NOTA DE REPÚDIO


Nós, estudantes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Campus de Jequié, expressamos veementemente nosso repúdio ao Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE), na figura de seu presidente, o Reitor Paulo Roberto Pinto Santos, que convocou reunião extraordinária para a próxima quarta-feira dia 22 de junho, tendo como pauta única a redefinição do calendário acadêmico do primeiro semestre letivo de 2011.
Entendemos que a pauta da reunião significa verdadeiramente um desrespeito aos estudantes, pois, a mesma surge de forma arbitrária por parte daqueles que não levam em consideração o estado de GREVE ESTUDANTIL na Universidade.
Exigimos mais RESPEITO à nossa categoria e à nossa luta, ressaltando que todo este processo de mobilização iniciou-se a partir do movimento estudantil e que a categoria docente deliberou em assembleia que só iriam dar início às atividades acadêmicas ao final da greve estudantil. Portanto, qualquer definição do calendário só poderá ser tomada após o fim da greve dos estudantes.
Cabe também rechaçar as propostas de calendário feitas pela administração da Universidade que não levam em consideração o Período de paralisação dos Estudantes (início 28 de março) e deixando de lado o compromisso da Universidade com a qualidade do Ensino, Pesquisa e Extensão, ao restringir a discussão apenas sobre qual mês serão as férias dos docentes esquecendo do aproveitamento didático-pedagógico do período letivo.

Movimento Estudantil da UESB.

Obs: Esta nota foi divulgada durante a manhã desta terça-feira 21 e no período da tarde o Consepe foi adiado para o dia 29/06/2011

sábado, 18 de junho de 2011

Com Jesus na contramão

Frei Carlos Mesters, em seu livro "Com Jesus na contramão" publicado no ano de 1995, nos mostra que a pessoa de Jesus sempre se posicionou a favor daqueles que estão excluídos na sociedade. O autor descreve sobre a vida de Jesus em Nazaré e a chegada do Reino. Não esquecendo de pontuar as consequências da Boa Nova e as características, objetivos e desafios da Comunidade de Jesus.

Alguns trechos interessantes do livro:

"A Boa Nova do Reino trazida por Jesus mexia com duas colunas centrais da religião oficial, o ensino e a pureza, e incomodava as autoridades mais importantes da Galiléia, os escribas e os fariseus".

"Jesus revela um novo rosto de Deus, em que o povo se re-conhecia e com que se alegrava".

"Uma inversão total se produziu, nunca vista antes! Em vez de o puro viver ameaçado pelo toque do impuro, agora é o impuro que se vê ameaçado pelo toque do puro".

"A consequência desta Boa Nova, porém, é que ela torna inútil e desnecessário o sistema religioso de normas e leis, montado e mantido pela religião oficial para defender a pureza e combater a impureza. Dá para entender que a Boa Nova para o povo era uma má notícia para os defensores desse sistema opressor".

"Jesus não escolheu a elite, não escolheu gente formada e estudada, de grandes qualidades. Escolheu pessoas que se sentiam atraídas pela mensagem de vida que ele trazia".

"Dentro da comunidade de Jesus, porém, havia algo que a diferenciava dos outros grupos. Era a atitude frente aos pobres e excluídos".

"Cada vez que na Bíblia se tenta renovar a Aliança, se recomeça restabelecendo o direito dos pobres, dos excluídos. Sem isto, a Aliança não se refaz! Assim faziam os profetas, assim faz Jesus. Ele denuncia o sistema antigo que em Nome de Deus excluía os pobres, e anuncia um novo começo que em Nome de Deus acolhe os excluídos".

"A comunidade deve ser como o rosto de Deus, transformado em Boa Nova para o povo".

"(...) não é possível ser amigo de Jesus e continuar apoiando um sistema que marginaliza tanta gente".

Jesus ensina que " 'próximo' é todo aquele de quem você se aproxima".

"Ele não quer um povo fechado sobre si mesmo, nas suas observâncias, separado dos outros, mas sim um povo servidor, aberto para todos".

"Jesus quer que o poder seja exercido como um serviço".

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Balduíno e a greve: reflexões sobre o movimento estudantil




À Gal, estudante de Letras


Por: Marcos Aurélio Souza*

Um dos momentos mais emblemáticos e líricos da obra de Jorge Amado está nas últimas páginas de Jubiabá, romance publicado em 1935, quando o escritor baiano ainda contava 23 anos de idade. O personagem central, o jovem negro Balduíno, ingressa numa greve de estivadores que, juntamente com outros movimentos operários, paralisa a cidade de Salvador. Nenhuma outra cena literária pode representar melhor a força do movimento estudantil, no atual cenário de greve das universidades estaduais baianas.

Uma das frases mais pungentes do romance, que mostra o significado de um movimento grevista, extrapolando seu mero sentido político social, é a que, para Balduíno: “Se não fosse a greve, o mar engoliria o seu corpo numa noite em que a lua não brilhasse”. Na adolescência, antes de perceber a importância de uma greve, Balduíno fez muita coisa na vida: foi menor abandonado nas ruas soteropolitanas, artista de circo em Feira de Santana, pugilista e trabalhador rural nas roças de fumo do recôncavo baiano. Sua história poderia ser a de qualquer pessoa, muito pobre e negra, de nossos tempos, enfrentando as possibilidades de subemprego ou de “escravidão proletária”, para utilizar um termo do romance de Jorge Amado.

O que aproxima Balduíno da juventude grevista das universidades estaduais, a mesma que gritava, na Sete de Setembro e na região do Iguatemi, alguns dias atrás, “o professor é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo”, ou que estava, juntamente com professores, acampada na ALBA (Assembleia Legislativa da Bahia), não é apenas a mera assunção de uma luta social, movida por questões trabalhistas, digamos assim. É a capacidade de agregar lutas, lutar por qualquer coisa válida a qualquer hora, e saber fazer isso com disposição e criatividade. Balduíno, consciente ou inconscientemente, sabia que, no final das contas, estava em jogo não apenas a opressão dos patrões sobre seus empregados, numa fácil equação marxista, mas uma estrutura opressora maior e microestrutural, que envolvia também o racismo do qual era vítima – bem explicado pelo velho Jubiabá – e a precária condição feminina, representada pela morte de sua Lindinalva, roída pela bexiga, num prostíbulo da capital.

Sorridentes (diferentes de alguns grevistas sisudos do século XX) com o colorido encantador de suas roupas, num desbunde formidável e provocativo, a juventude que estava nas ruas de Salvador, é a mesma juventude expressa pelo personagem de Antônio Balduíno. Ela sabe que lutas se travam também no campo simbólico, por isso utiliza máscaras, abusa dos desenhos, canta versos, reinventa letras de músicas conhecidas. É capaz ainda, nessa economia do prazer e da performance, de celebrar “religiosamente” um prédio de laboratórios, abandonado há oito anos pelo estado, perceber e ironizar o que está por trás de uma declaração, no corpo fantasiado de paletó e seriedade do reitor. Não tolera meias palavras, mordaças ideológicas, olhos que não fitam o rosto do interlocutor, escondendo verdades. Sai nas ruas de Jequié, Salvador, Feira, Juazeiro, etc celebra a vida, porque afinal, mesmo em condições desfavoráveis, vale a pena vivê-la plenamente. Promove “beijaço”, diante da Assembleia Legislativa da Bahia, em resposta à reprimenda infeliz de um segurança a duas jovens manifestantes, só porque trocavam ósculos carinhosos.

Todos os movimentos sociais precisam de(essa) juventude. De um estado de espírito, não apenas da pouca idade, mas de uma vontade de se colocar, de se impor pela inteligência e, sobretudo, pela coragem. Muita gente deve ter estranhado a juventude dos professores das universidades estaduais, ao ver muitas fotos das nossas manifestações, estampadas nos jornais: uma garota de óculos, um rapaz alto com um black, outro de óculos escuros fashion, uma menina de tiara com uma faixa, exigindo infraestrutura para o curso de odontologia. Não, não eram professores, pelo menos em sua grande parte, era a juventude estudantil, carregando as bandeiras do movimento, no front de nossa greve.

Por isso, o mínimo da decência exige que os professores carreguem também bandeiras do movimento estudantil, como está acontecendo, as quais aliás não são apenas dele: temos que ser capazes sempre, assim como os estudantes, de perceber que está tudo relacionado. Os golpes contra a educação no estado da Bahia acertam todo o corpo social e político da grande população desse estado, não apenas os braços ou a cabeça, não apenas as pernas ou os olhos.

A lei 12.583 é contra todos, a cláusula que congela nossos salários é contra os estudantes, e a falta de uma política séria para assistência e permanência estudantil é contra o professor também. Não abandonaremos a greve apenas pelo aumento de salário (embora isso seja importante), enquanto tivermos essa percepção jovem, atualizada, de que qualquer reivindicação social séria, nos dias de hoje, carrega a reboque movimentos reprimidos, num efeito dominó, operando a favor de demandas historicamente relegadas, não atendidas pelo estado da Bahia.

A greve está tendo uma importante força dessa “juventude balduína”, por isso que ela é tão forte. A cidade de Salvador já foi palco de uma força semelhante, e simplesmente parou (como na greve protagonizada por Balduíno), quando estudantes do ensino médio ocuparam as principais ruas dessa cidade, por vários dias, em 2003, forçando a redução do preço das passagens de ônibus, a conhecida “revolta do buzu”. Essa força jovem se fez ativa, de forma bastante diferente, na produção de um movimento paralelo, via internet, um apoio potencializado e fundamental da greve universitária, nos twitter, orkut, facebook, youtube, blogs etc., construído, principalmente, pelos estudantes. Esse apoio desnorteia qualquer política mal intencionada, pois se alastra incontrolavelmente, adquirindo novos simpatizantes além das fronteiras regionais e nacionais.

Há uma importância dupla do nosso movimento, graças aos estudantes das universidades estaduais. Ele é alimentado e fortalecido por essa juventude, ao mesmo tempo em que potencializa a juventude que está em nós, recupera um sentido de corpo e de coletividade, construindo uma greve que é mais do que uma pauta de reivindicações. Um sentido, movido pela paixão por justiça, pela necessidade utópica de salvar o mundo, e, ao mesmo tempo, ser salvo por ele. Foi esse o sentido descoberto por Balduíno, no final do romance de Jorge Amado. “Com a greve ele enxergara outra estrada e voltara a lutar” ... “A greve o salvou.”.

*Professor Adjunto da UESB, Doutor em Literatura e Cultura pela UFBA

sábado, 4 de junho de 2011

“O que é ensinar Língua Portuguesa?”



Mudança para o Ensino da Língua Portuguesa

Compreender, praticar e produzir

Na entrevista de seleção do PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, me deparei com uma pergunta, até então nunca feita à mim, nem mesmo por meus queridos professores das disciplinas de Língua Portuguesa do curso de Letras da UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Jequié. A pergunta feita foi: “O que é ensinar Língua Portuguesa?”. Desde aquele dia este questionamento me acompanha como também segue todos os discentes selecionados no programa.

Tentando buscar a resposta à esta pergunta, que passou a perturbar a nossa mente, retomamos algumas leituras e descobrimos outras, dentre elas temos nos deleitado nas propostas da discussão sobre a língua feita por Marcos Bagno, Mário Perini, Travaglia, Geraldi e Kato. Com estes estudos parece que estamos desvendando a questão. Consideramos que ensinar Língua Portuguesa é ensinar a ler e a escrever, ou seja, despertar no sujeito a competência comunicativa através de textos orais e escritos. Podemos dizer que o ensino da língua deve ser voltado a dois objetivos usar a língua e saber a respeito dela.

A polêmica surgida em nosso país mês passado, em torno da introdução da discussão da variedade lingüística em um capítulo do livro didático editado pelo MEC, é a prova de que o objetivo do ensino da Língua Portuguesa ainda não foi compreendido na nossa sociedade, pelo menos como propõe Geraldi e o PIBID. Marcos Bagno deixou isso claro no programa Observatório da imprensa da TV Brasil, em que se discutiu a questão polêmica do livro, quando ele repetiu indiretamente a pergunta que nos acompanha e confessou que há no nosso país um desconhecimento do que seja ensinar o português.

Confundir o ensino da gramática com o ensino da língua é uma prática que tem sido repetida há anos e é por isso que ainda surgem polêmicas como estas. Perini vai dizer que “a gramática diz como a língua deveria ser e não como a língua é de fato”, por isso é inadmissível para os gramatiqueiros aceitar que um livro de português mostre a língua como ela é. E se um simples capítulo que aborda sobre a variedade linguística causa tanto medo, ameaça e equívocos, compreendemos que mais do que nunca devemos continuar repensando o ensino da língua no nosso país, pois ele não anda tão bem.

Considero a atuação do PIBID no Instituto de Educação Régis Pacheco – IERP, como uma forma de repensar o ensino da língua. Isto se dá através das oficinas, oferecidas aos alunos da 2ª série do Ensino Médio, que tentam colocar em prática o uso da língua e o conhecimento da mesma através da construção de textos orais e escritos. Assim, tentamos desmistificar o conceito de que estudar língua é estudar gramática. Nossa proposta é o uso da gramática a serviço do texto.

Começamos a receber os textos escritos, dos alunos e agora mais uma pergunta surge para nos atormentar: como avaliá-los? Ainda não temos a resposta. Mas, o que sabemos por enquanto, é o que não devemos fazer com estes textos. Com toda certeza grifar os erros ortográficos e de concordância não é nossa proposta, pois esta prática simplesmente reafirma o que o professor de português não deve ser, caçador de “erros”, pois a sua prática deve se identificar muito mais com o exercício da pesquisa do que com a dinâmica de “erros e acertos” tão enfatizados nas aulas de Língua Portuguesa e reforçados por setores preconceituosos da sociedade.

Para se realizar um trabalho como este é necessário antes de mudar a prática, mudar a compreensão do objetivo do ensino da língua. Acredito que este é um passo para que os alunos comecem a compreendê-la como um objeto de pesquisa e comecem a perceber a sua função social. Talvez no Brasil, seja necessário mudar a compreensão (como fizemos), a prática (como estamos fazendo) e depois propor o material didático (como pretendemos).


Glauce Souza Santos (Pibideria do Subprojeto: A formação do professor de Língua Portuguesa.)


Reportagem mostrada pela rede Globo sobre a livro didático: http://www.youtube.com/watch?v=lg-nl-2a7tU
Debate com Marcos Bagno no programa Observatório da imprensa da TV Brasil: http://www.youtube.com/watch?v=M4367cC9Cjo