terça-feira, 12 de julho de 2011

Da luta não me retiro, até a liberdade raiar



As mobilizações estudantis da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), iniciadas em Jequié no dia 22 de março, deram o pontapé inicial às manifestações ocorridas no Brasil no ano de 2011. Estudantes de todos os cursos se posicionaram diante da falta de professores e de muitos outros requisitos necessários para se ter uma Educação de qualidade. Neste movimento, foram apontadas as mudanças necessárias para se ter uma Universidade melhor e mais democrática como também originou-se uma greve “unificada” entre estudantes e professores, o que representa um marco na História da UESB.

Hoje, um dia antes de retornar às aulas, faço questão de escrever este texto como uma forma de registro, desabafo e resposta a todos aqueles que durante este período estiveram tirando uma soneca.

Durante este tempo, você que ficou em casa, além de tirar uma soneca, viu também a greve passar pela tela da TV. Viu a grande mídia desconsiderar o movimento discente e tentar a todo o momento tornar ilegal o movimento grevista. Falava dos danos da falta de aula, mas não apresentava em momento algum as condições precárias em que essas aulas são oferecidas, faltando de professores a laboratórios o que resulta em uma má formação acadêmica. Enfatizava sobre ilegalidade, mas os atos ilegais do governo do estado em descumprir a liminar do pagamento dos salários dos professores, não fizeram questão de mencionar.

Ainda assim, a greve começou a ganhar visibilidade e sua força parecia não ter fim. Passeatas gigantescas pelas ruas de Jequié, Vitória da Conquista, Itapetinga e Salvador, ocupações na Assembleia Legislativa (ALBA) e na Reitoria da UESB, ao mesmo tempo em que revelava a força do movimento acuava os nossos grandes inimigos: governo e reitoria.

Mas, infelizmente, é neste momento de fortalecimento e visibilidade que os/as professores/as “de pijama” – termo utilizado por um docente ao se referir aos colegas ausentes na luta -, aparecem na assembleia da categoria e votam a favor da saída prematura do movimento grevista revelando-se contentes com o pouco conquistado. O mesmo aconteceu com a categoria discente quando universitários/as, que sequer mostraram a cara nesta greve, resolvem finalizá-la com o objetivo mesquinho de ingressar no mercado de trabalho o mais rápido possível, declaração feita em alto e bom som na assembléia estudantil do dia 7 de julho. Com a presença de 626 discentes, a última assembleia dos estudantes da UESB campus de Jequié, que poderia ser o palco de uma grande discussão política, foi usada para pôr em prática uma terrível articulação iniciada na internet por estudantes que desejavam finalizar a greve sem o mínimo de reflexão. Aprovando o tempo de um minuto para as falas, a plenária decretou a não discussão de um calendário mais justo que garantisse 123 dias letivos de aula para o semestre, a não discussão sobre os atos ditatoriais da reitoria para com os militantes do movimento estudantil - que foram impedidos de trabalhar no vestibular da Universidade -, e a não discussão dos ganhos da greve e do que se necessita ainda alcançar.

O resgate da Assembleia Universitária da UESB – fórum democrático adormecido durante dez anos -, a pavimentação que agora começa no nosso campus, as construções que estão sendo retomadas, as salas que serão climatizadas e os novos rumos políticos que nossa Instituição irá traçar, são os resultados de uma luta diária de 107 dias de mobilizações.

Registro minha homenagem a todos os companheiros que protagonizaram esta luta, especialmente à caloura Luisa Ribeiro que em seu primeiro semestre já assume corajosamente o papel do engajamento político na UESB.

Se ainda sonho com uma Universidade mais digna e democrática, da luta não vou me retirar, “até a liberdade raiar”.

11/07/2011



6 comentários:

  1. Parabenizo ao movimento estudantil de jequié pela persistência, pela força, pela articulação e pela consciência, vocês já fizeram e continuam fazendo história! Gal, continue escrevendo, vc escreve muito bem!

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  2. Parabéns Gal!!!
    Já estou divulgando!!!

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  3. Gal... hoje eu acredito que essa batalha não é só por uma Educação de Qualidade, mas uma luta contra o pensamento medíocre, egoísta e conformista de certas estudantes da nossa universidade. É amiga... vem a tona uma luta pela conscientização e educação política de nossa categoria!!!

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