quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Evangéio Seguno o Homi do Sertão


Por Weslley Moreira de Almeida*











Certo dia Deus acorda
Oia aqui pra baixo e diz:
- Oxente! Esse povo tá ficano doido é?!
Criei a terra, o céu e o mar
As pranta e os animá
E eles – homi e muiê
Mas tá um no prato do ôtro meteno a cuié,
Tão se acabano, acabano o praneta, moço
E oie que no iniço tudo era bão, desde esboço!

As injustiça tá arretada
Os homi só qué dominá
Os seres que se dize humano
Qué é mermo enfiá a faca no buxo do outro
Como se diz entre eles mermo
“Farinha poca meu pirão primero”
É tanta gente desumana precisano se consertar...
Já tô veno...
Vô tê que mostrá pra esse povo a agir como gente mermo...

Jesus meu fio, venha cá!
Oia pro desgracero que tá se assucedeno lá imbaxo
Minhas criatura prefirida meu fi!
Essa gente tem é sorte, vice
Pro mode se num fosse meu amô pro eles
Que é maió do que seus pecado
Eles tarium tudo arruinado, fritim,fritim...
Todo mundo lascado.

-Não se apoquente meu pai
A gente já vai arrersorvê esse causo
Num vai ser farci não
O cálice é pesado
E o que se tem nele, é amargo
Mas há que se fazê.

- Ta bom meu fio
Entonce tu vá lá
Pra lá eu te enviu
Pra esse povo sarvá
Purque a iniquidade
Já num ta mais pra se guentá.

Num é que Jesus foi mermo homi?!
Desceu em forma de gente
Num ventre de uma tá de Maria
Lá de Belém da Judea
Muiê virge, valoroza, de fé
Sofreu restrição sociá da comunidade
E até mermo
De seu marido, José
Que num entendeu nadica de nada
Dessa gravidez inesperada
Mas Deus-Paim mandô um anjo
Pro mode falá cum ele
Através dum sonho
E expricá o acontecido
E só depois disso entonce
É que se ficô tudo compreendido.

Depois de muita aflição e perseguição
Nosso Sinhô teve que nascê num dormitório de jegue
Numa tá de manjedora lá
No meio de animá e de capim
Pro mode de não ter dindim
Pois num era de familia de posse
Êta que situação ruim...

Mas tudo acabou-se dano certo
Essa criança foi cresceno, cresceno...
Em artura, matutez e graça
Diante dos homi e de Deus
Aos trinta ano foi batizado
Prum tá de João Batista, seu primo
Que vivia no deserto
Comeno uns garfanhoto e mé sirvestre
Pregano arrependimento
Às vibura da época
Escribas e farizeus
Ô raça de cabra safado...!
São piores do que um ateu...
Mas deixa isso pra outra conversa
Vamo dá continuidade ao causo em pauta.

Pois entonce, logo depois desse batismo
Nosso sinhô contemprô o Esprito Santo!
Que veio sobre ele e disse:
“Esse é meu fio amado
Em que tenho prazê danado!”

Aí sim o Nosso Sinhô começô seu ministero
Que foi grande de arruiná
As estrutura sociá da época
É que ele – Nosso Sinhô,
Começô a curá
Libertá
Ensiná
Restaurá
Dá visão aos ceguim
Aos alejado perna sã pra andar
E os capeta expursá
Dos endemoniado tudo
Aos rico pregô pobreza de espríto
E aos pobre abraçô com riqueza de amô.

Mas um tá de Judas, um dos seu dircipulo
Quis colocá tudo a perdê
Mas Jesus não ficou arretado com ele não
Já sabia de tudo...
Isso já tava inscrito nos prano divino
Pois pra o nosso Deusim nada é oculto.

Desde aí entonce
Nosso mestre foi cuspido
Deram com um caniço em sua cabeça
Puseram nele um pano avermeiado
E uma coroa cheia de espinho
Fizeram gozação com ele
O chamano com muito sarro de “rei dos judeus”
Colocarum num madeiro
O prego lhe fez muita dô
Os espinho lhe aprofundava o coro da cabeça
E ele, sufocado, agonizô.

Mas nosso Sinhô num desistiu não
Tava por demais arresovido, vice
Prosseguiu
Se manteve firme
Até o finá ficô.


Aquela cruz era que nem mandacaru
Dolorida e espinhosa
Mas de onde se saia líquido em tempo sequioso
Dali saiu líquido precioso
Pra nossas arma banhar
E como as água do velho Xico
Irriga, transforma, faz nossa vida briá.

Retirarum seu corpo da cruz
Colocarum num tumulo
Num negocio chamado sepucro
E nele ficô até guarda a vigiá
Mas num adianto não
Mermo assim a pedra rolô
Ele resucitô
Ressurgiu dentre os môrto
Se levantô
Êta cabra arretado é o Nosso Sinhô!

E hoje Ele cum essa atitude de amor
Um candiêro eterno nos dexô
E nele a chama inapagarvi
Da esperança e do amô
Pra andarmo iluminado nesse mundo de escuridão
Viva a Nosso Sinhô!

*Membro da Comunidade de Jesus/Feira de Santana-BA

*Formado em Letras com Inglês/UEFS

domingo, 13 de junho de 2010

Perdoar, perdoar antes do vinho tomar




Posso dizer, que a noite de hoje foi em todas as coisas, uma noite DIFERENTE.
Pensei que tudo seria bastante normal como todas as outras noites de domingo que vou à igreja.
Mas por incrível que pareça, foi bastante diferente. Até a blusa que usei hoje era diferente, nunca havia vestido.
Meu comportamento no culto hoje, foi diferente da maioria das vezes, não fiquei olhando para trás para ver quem chegava, quem saia e quem estava sentado. Estive atenta a tudo o que eu fazia, o que me fez perceber que a voz de Deus falava comigo.
A palavra do pastor também foi diferente, ele falou de Nelson Mandela, coisa que nunca tinha acontecido, falou da sua atuação contra o Apartheid e a partir daí desenvolveu seu sermão, nos convidando a fazer um link do Apartheid social com um Apartheid espiritual que existe no mundo todo. Além disso, parecendo que havia lido meus pensamentos ele disse assim:
- Talvez você pense que sua vida tem sido uma mesmice, que você já sabe o que vai acontecer na segunda-feira, na terça-fiera etc... e que nada muda. Mas, hoje eu te convido a viver em novidade de vida!
Alguns dias atrás, eu reclamava:
- Nada muda em minha vida, nada de novo acontece, nada de DIFERENTE...aff!
E hoje tudo estava sendo diferente, tudo tinha um toque diferente.
Para não quebrar o ritmo, a hora da ceia também veio com seu toque de diferença, cumprindo o que é proposto na ceia e na maioria das vezes não acontece. Todas as vezes que tem ceia na igreja, o pastor pede que nós compartilhemos (troquemos) o cálice com algum irmão ou irmã. Mas hoje na hora de solicitar isso, ele falou que era para sairmos do lugar e orar com alguém, mesmo se esse alguém não estivesse participando do ritual.
Sabia que atrás de mim, estava uma irmã que estava sem falar comigo, devido um mal entendido que aconteceu. Nossa relação se esfriara desde o final do ano passado. E a partir daí, ela não me olhava mais nos olhos.
Ao virar para procurar alguém para orar, pensei: esta é a oportunidade que Deus está nos dando de acertar nossa relação.
Perguntei: quer orar comigo?
Mesmo sem olhar em meus olhos, ela aceitou, trocamos os cálices e oramos. E minha oração foi pedir a Deus que me perdoasse caso eu tivesse magoado a irmã e que ela me perdoasse também. Orava em voz alta. Além disso, pedi a Deus que toda demagogia caísse por terra dentro daquela igreja. Ao terminar a oração nos abraçamos, antes do vinho tomar, nesta hora, abraçada com ela e visualizando as pessoas atrás da gente, pensei: como a igreja vive ferida... poderia haver mais pessoas alí dentro, magoadas umas com as outras, vivendo sem se perdoarem. Na hora do abraço, ela disse que gostava muito de mim e combinamos conversar após o culto. Ao terminar o culto conversamos um pouco sobre o ocorrido, esclarecemos algumas coisas e ficou tudo bem. O perdão foi liberado por nós e foi desfeito todos os nós que amarravam o fluir da graça e do amor.

Ao começar a escrever este texto veio à minha mente a música do cantor Kleber Lucas que conta poeticamente o que aconteceu conosco, nesta noite diferente, regada a perdão.
Obrigada Senhor porque tu és a DIFERENÇA em nossas vidas!

Perdão


Perdoai nossos pecados
Como temos perdoado
A quem nos tem ofendido

Perdoai nossos pecados
Como temos perdoado
A quem nos tem atingido

Se o teu inimigo tiver fome
Dá-lhe de comer
Se o teu inimigo tiver sede
Dá-lhe de beber

Somos filhos de Deus
E prá nós o mais importante
É o amor

Perdão, perdão
Quero te pedir perdão
Perdoar, perdoar
Quero aprender a perdoar
Amar, amar
Sim, eu quero te amar
Ser amado, ser amado
Eu preciso ser amado

Perdão, perdão antes do partir do pão
Perdoar, perdoar antes do vinho tomar
Amar, amar sim eu quero te amar
Ser amado, ser amado,
Eu preciso ser amado.

13/06/2010




sábado, 12 de junho de 2010




O convida 2010 traz em seu tema uma denúncia e um anúncio. Denuncia todas as formas de destruição de vida no planeta, especialmente o extermínio engendrado pelo sistema capitalista selvagem. Anuncia que a terra é a nossa casa-comum e que devemos cuidar dela; é o jardim de Deus onde somos convidados a caminhar com Ele e com o outro. O orador oficial será o Pr. Paulo Nascimento (Maceió, Igreja Batista Forene). Teremos também o lançamento do livro VILA MARAVILA do Pr. Marcos Monteiro, mesa-redonda e a participação musical de VAL MARTINS e sua esposa, MOANA. Anote em sua agenda: de 25 a 27 de junho eu estarei no Convida! Informações: (73) 3525-3089

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um pouco de intertextualidade

Estava na fila do banco ontem (07/06/2010) e ao ouvir a música cantada pelo Titãs, lembrei do poema de Bilac.

Epitáfio (Sérgio Britto)

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...


Remorso (Olavo Bilac)

Às vezes uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando,
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!

Sinto o que esperdicei na juventude;
Choro neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude.

Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!



quinta-feira, 3 de junho de 2010

Migalhas do amor


Parece que vivo a mendigar o amor.
E dele não me cai nem migalhas...