A crônica "Sem contabilidade", do escritor Rubem Alves, foi sem dúvida uma das leituras mais marcantes que já fiz em toda a minha caminhada cristã em busca do entendimento sobre a graça de Deus. Nesta crônica, Rubem critica as pinturas e máscaras mal feitas do rosto de Deus pelas mãos dos religiosos e nos lembra que Jesus diversas vezes desfez estas máscaras e pinturas errôneas. Dentre essas diversas vezes Rubem Alves destaca em sua crônica a narrativa conhecida como a Parábola do Filho Pródigo, em minha opinião, a mais bonita de todas as parábolas bíblica. Com a ajuda dele aprendi que nesta narrativa o rosto de Deus pintado por Jesus é aquele que não faz distinção entre credores e devedores, eis aqui minhas reflexões.
A maioria das pessoas utiliza esta parábola em sermões para exortar pecadores a se arrepender. Rubem vai além, pois ao invés de enfatizar somente a atitude do filho desobediente ele discorre também sobre a atitude do filho obediente. Na parábola, o filho desobediente sai de casa, gasta todo o dinheiro loucamente, enquanto seu irmão cumpre seu dever de "bom" moço, obedece e resiste às tentações. Este, mesmo não saindo de casa, se mantém distante do pai e não o conhece, assim como aquele que teve a coragem de sair. Os dois filhos estão na mesma situação, pois ambos sabem contabilizar e numa tentativa frustrada tentam colocar isso em prática. O pai não soma crédito nem débito, mas os filhos ainda não sabem disso. Esta é a lógica humana, que muitas vezes tentamos transferir à Deus. Ah... como somos maus! Pensamos até que Ele tem um caderno onde registra todos os nossos feitos positivos e negativos. O diálogo entre os personagens revela o quanto os filhos não conhecem o caráter do pai. O filho mais jovem cheio de culpa acredita ser um devedor, o filho mais velho em busca de seus direitos acredita ser credor, os dois filhos eram iguais um ao outro e iguais a nós: somavam débitos e créditos como bons matemáticos. Mas na conversa entre eles, a resposta do pai é desconcertante, constrangedora. Ele afirma: Eu não somo débitos nem créditos. Somente o pai era diferente, pois Ele era o único na estória que não sabia calcular. Rubem Alves finaliza a sua crônica sugerindo dois títulos à famosa parábola "Um pai que não sabe somar" ou "Um pai que não tem memória". Eu sugiro um outro: "Parábola dos filhos matemáticos".
Que possamos desaprender a fazer contas, afinal, a dívida já foi paga, necessário é que lembremos sempre disso!
Paz e bem!
Vídeo do Jorge Camargo falando da Graça e cantando Amor incondicional.
http://www.youtube.com/watch?v=d7KThE_6Xao&noredirect=1
Coisa linda e verdadeira, vc sempre escreve assim, aprendo muito com vc, lindo texto.
ResponderExcluirBelo texto... pode me ajudar estou desesperadamente atras dessa cronica do Rubem Alves mas nao acho em lugar algum... vc tem?
ResponderExcluirMe mande um email me cobrando isso. glaucesouzasantos@yahoo.com.br pq
ResponderExcluiragora tô sem tempo. Mas posso depois
procurar pra vc.
Boa tarde, Gal. Você sabe onde encontro o livro com essa crônica de Rubem Alves?
ResponderExcluirGrato
Boa tarde! Acho que é no livro "Transparências da eternidade" se m for nesse é no "O infinito na palma da mão."
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