Este resumo está publicado no site F5 Jequié http://www.f5jequie.com.br/colunas/91-rosisca-darcy-e-o-feminismo-da-diferenca.html
Acabo de ler o texto “As mulheres em movimento: feminizar o mundo” de Rosisca Darcy de
Oliveira. Nele, a autora faz uma análise histórica e bastante sincera do movimento
feminista, apontando os equívocos que o discurso da luta de igualdade,
difundido pelo movimento, gerou.
Segundo Rosisca, a igualdade no feminismo nasceu
capenga e resultou em um equívoco revelado no acréscimo dos papéis ditos
masculinos à vida da mulher e a realidade imutável da vida masculina. Este
feminismo de soma zero, como denomina a autora, abriu caminho à crise de
identidade psicossocial da mulher perceptível à medida que as mulheres se
afirmam na vida intelectual e profissional.
A autora afirma que as feministas dos anos 70,
leitoras de Simone de Beauvoir eram as herdeiras das lutas pela emancipação da
mulher do começo do século e estas ecoavam ideais de igualdade no mesmo momento
que enfrentavam a perplexidade de falar de dentro do mundo dos homens.
É nesse período que surge uma produção teórica significativa
que transforma as demandas de igualdade em uma busca angustiada dos traços da
diferença. Segundo Rosisca, é aqui que nasce uma geração exilada do feminino
tradicional e ainda estrangeira no mundo dos homens resultando no projeto de
“feminizar o mundo”, redefinição de um mal entendido de base.
Rosisca afirma que na trajetória do movimento
feminista gerou-se, em duas etapas, uma contestação radical do senso comum. A
primeira, quando a contestação visava provar que as mulheres não são inferiores
aos homens. A segunda, quando a contestação feminina anuncia que as mulheres
não são inferiores aos homens, mas, também não são iguais a eles e que essa
diferença contém um potencial enriquecedor de crítica da cultura.
A autora ainda pontua que a igualdade defendida
pelas mulheres nos anos 80, não era mais em nome da capacidade de semelhança
aos homens, mas, em nome do direito da diferença, o denominado feminismo da
diferença que introduz um questionamento mais radical redefinindo o feminino.
Rosisca sugere a presença dos homens no mundo das
mulheres a fim de que se possibilite uma simetria de reconstrução do masculino,
pois para ela a verdadeira igualdade é a aceitação da diferença sem hierarquia.
Portanto, a autora finaliza o texto afirmando que um
diálogo amigo entre homem e mulher é a mais desvairada das utopias. Mas, que
qualquer que seja o destino da relação entre sexos, o movimento feminista
guardará o mérito por ter denunciado a insaciável intolerância a alteridade e
levado as mulheres a ver o nada em tudo que não as representasse. Também terá
tornado o Feminino presente e visível como corpo, história, cultura, crise e
projeto.