COLASANTI, Marina. Por
que nos perguntam se existimos? In: Fragatas para Terras Distantes. Rio de
Janeiro: Record 2004.
Por Glauce Souza Santos
No
ano de 1996 em um Seminário intitulado Entre
resistir e identificar-se, realizado na Universidade de Illinois, EUA, a
escritora Marina Colasanti palestrou a respeito da Escrita Feminina. Por que nos perguntam se existimos? é o
título do seu texto proferido na palestra, publicado posteriormente no seu
livro de ensaios Fragatas para Terras
Distantes, editora Record 2004.
É
a partir de um questionamento insistente feito pela sociedade que Marina
Colasanti discorre sobre o tema Escrita Feminina. Para ela, a junção entre as
duas afirmações: “Eu sou uma mulher” e “Eu sou uma escritora” parecem produzir
uma poderosa reação química, cuja fórmula conduz à pergunta: “Existe uma
escrita feminina?”. A autora acredita que a sociedade não está interessada em
saber se de fato esta literatura existe, pois, as respostas dadas ao longo dos
anos já respondem ao questionamento.
Segundo
a escritora, esta interrogação tem como pano de fundo o objetivo maquiavélico de
pôr em dúvida a existência de uma literatura feminina. Mas, a autora não apenas demonstra que há por trás da
pergunta um objetivo maquiavélico, como também justifica este objetivo. O poder
literário, o poder da palavra e a linguagem individual são fatores ameaçadores
à sociedade patriarcal.
Marina
Colasanti afirma que ao estudar sobre a existência ou não de uma escrita
feminina é possível encontrar um elemento revelador: a afirmação frequentemente
repetida de que a pergunta sobre a existência ou não de uma literatura feminina
se torna desnecessária quando se trata de escritoras ditas universais.
De
forma bastante lúcida Colasanti nos leva a observar que, provavelmente por não
lidar com a palavra em estado puro e nenhuma forma de expressão ser tão
ameaçadora quanto a palavra, em nenhuma outra arte a pergunta relacionada às
mulheres é feita de forma tão explícita.
Em
última análise, a autora chega à conclusão de que a pergunta “existe uma
literatura feminina” não é relativa à literatura e a melhor resposta dada a ela
acontecerá sempre que a tirarmos do seu falso lugar. E por
fim, admite que sempre arma sua defesa no enfrentamento dos
preconceitos e que sua busca pela essência da escrita se dá numa procura dentro
de si, da sua própria e mais profunda essência, que é a essência de mulher.
êita nós os estudos estão a todo vapor! Para mim há sem dúvida uma escrita feminina e reafirma-la é um ato político.
ResponderExcluirMas em relação à pergunta que Marina trata no texto, o conselho dela não é bom? Responder esta questão tirando ela do falso lugar.
ResponderExcluirAdriana, há tmb várias formas de reafirmar esta escrita como estudar, escrever etc, concorda?
ResponderExcluirPartindo desse ponto de vista Adriana, qualquer posicionamento que expresse uma opinião, passa a ser um ato político. Portanto, acredito que seja válida a manifestação do pensamento e a defesa de uma leitura própria.
ResponderExcluirAinda me sinto indouto de qualquer resposta a indagação principal. Enquanto civil não-universitário estudei sobre literatura de homens, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, entre outros. Careci questionar-me sobre as escritores feministas para descobri de sua existência. Penso, se assim me permitirem, que existem fragmentos da literatura feminista/escrita feminina, mas precisamos uni-las e apresenta-las a todas e todos!
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