Resumo referente a: Pós-Neoliberalismo, As políticas sociais e o Estado democrático/Organizadores Emir Sader, Pablo Gentili. Rio de Janeiro; Paz e Terra, 1995 p. 9 à 34. Estudado na discilpna Realidade Brasileira e Contemporânea.
Logo depois da II Guerra Mundial, na região da Europa e da América do Norte, nasce o neoliberalismo – uma reação teórica e política contra o Estado intervencionista e de bem estar. Em 1947, Friedrich Hayek, autor de O caminho da Servidão – texto de origem do neoliberalismo – convoca aqueles que compartilhavam sua orientação ideológica para uma reunião, na Suíca. A partir daí fundou-se a Sociedade de Mont Pèlerin, uma espécie de franco-maçonaria neoliberal. Seu objetivo era combater o keynesianismo e o solidarismo reinantes e preparar a base de outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras para o futuro.
As ideias neoliberais ganham terreno com a chegada da grande crise do modelo econômico do pós-guerra, em 1973, quando todo o mundo capitalista cai na longa e profunda recessão, combinando baixas taxas de crescimento e altas taxas de inflação. Segundo Hayek e seus companheiros, as raízes da crise estavam localizadas no poder excessivo e nefasto dos sindicatos e de maneira mais geral no movimento operário. A solução para esta crise era: manter um Estado forte, com capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle do dinheiro, mas com economia em todos os gastos sociais e nas intervenções econômicas. A estabilidade monetária deveria ser a meta de qualquer governo através de uma disciplina orçamentária, com a contenção de gastos com bem–estar, e a restauração da taxa “natural” de desemprego. O crescimento retornaria quando a estabilidade monetária e os incentivos essenciais houvessem sido restituídos. Já nos Estados unidos a prioridade neoliberal era mais a competição militar com a União Soviética, com a estratégia para quebrar a economia soviética e, a partir daí, derrubar o regime comunista na Rússia. No continente europeu, os governos de direita deste período, praticaram um neoliberalismo mais cauteloso e matizado que as potências anglo-saxônicas, mantendo a ênfase na disciplina orçamentária e nas reformas fiscais, mais do que em cortes brutais de gastos sociais ou enfrentamentos deliberados com os sindicatos. No sul do continente, chegavam ao poder, pela primeira vez, governos de esquerda, chamados de euro-socialistas. Todos se apresentavam com uma alternativa progressista, baseada em movimentos operários ou populares.
No início, somente governos explicitamente de direita radical se atreveram a pôr em prática políticas neoliberais. Em países de capitalismo avançado, o neoliberalismo havia começado tomando a social-democracia como sua inimiga central. Nos anos 80, o
panorama neoliberal se mostrou realista e obteve êxito nos itens, deflação, lucros, empregos e salários.
Durante os anos 80 a explosão dos mercados de câmbio internacionais, cujas transações, puramente monetárias, acabaram por diminuir o comércio mundial de mercadorias reais. Daí, o peso de operações puramente parasitárias teve um incremento vertiginoso nestes anos. Enquanto, o peso do Estado de bem–estar não diminuiu muito, apesar de todas as medidas.
A dívida pública de quase todos os países ocidentais começou a reassumir dimenssões alarmantes, quando o capitalismo avançado entrou de novo numa profunda recessão, em 1991. Com a recessão dos primeiros anos da década de 90, todos os índices econômicos tornaram-se muito sombrios nos países da Organização Européia para o comércio e o Desenvolvimento. Assim, era de se esperar uma forte reação contra o neoliberalismo nos anos 90, coisa que não aconteceu. O neoliberalismo ganhou fôlego na Europa. E uma de suas razões fundamentais foi claramente a vitória do neoliberalismo em outra área do mundo, a queda do comunismo na Europa oriental e na União Soviética, de 89 a 91. Os novos arquitetos das economias pós-comunistas no Leste, promoveram graus de desigualdade, muito mais brutais do que tínhamos visto nos países do Ocidente.
O impacto do triunfo neoliberal no leste europeu tardou a ser sentido em outras partes do mundo, como na América Latina.
Segundo Perry Anderson, qualquer balanço atual do neoliberalismo só pode ser provisório. Este é um movimento ainda inacabado. Porém ele afirma que é possível dar um veredicto acerca de sua atuação durante quase 15 anos nos países mais ricos do mundo a única área onde seus frutos aparecem maduros. Em síntese, economicamente, o neoliberalismo fracassou; socialmente, ao contrário, o liberalismo conseguiu muitos dos seus objetivos, criando sociedades marcadamente mais desiguais; política e ideologicamente, todavia, o neoliberalismo alcançou êxito num grau com qual os seus fundadores provavelmente jamais sonharam.
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