Texto publicado no site F5 Jequié http://www.f5jequie.com.br/colunas/58-ai-se-eu-te-pego-no-mundo-gospel.html
Por
Glauce Souza
Considero bastante engraçados
alguns fatos sem muita importância que acontecem em nosso país e acabam
repercutindo grandemente na mídia e gerando discussões nas redes sociais,
emissoras de rádios, mesas de bares e por aí vai. Nos últimos dias temos
assistido a episódios como, a insistência da acusação de um “Estupro” (negado
tanto pelo acusado, quanto pela vítima), e a transformação de uma frase boba em
bordão “menos a Luisa que está no Canadá”.
Enquanto estou escrevendo reflito
nas palavras do jornalista do SBT, Carlos Nascimento, que afirmou: “Ou os
problemas brasileiros estão todos resolvidos ou nós nos tornamos perfeitos
idiotas”.
Mas há também outro assunto que
está na boca do povo, é a música “Ai se eu te pego” (gravada primeiramente pelo
grupo jequieense Cangaia de Jegue) que alcançou sucesso na voz de Michel Teló e hoje é cantarolada por todo o Brasil e mundo. Quem não sabe o refrão mais famoso do
momento? A canção caiu até na graça do povo evangélico, ganhou versão gospel,
gerou polêmica e me fez refletir. Não se espante se por acaso você ouvir por aí
o ritmo da famosa música, com esta letra:
Glória, Glória!
A Ele toda Glória!
Assim eu prego, Assim eu prego
Domingo, na igreja
O pastor me chamou para pregar
Me inspirei na palavra mais linda
Tomei coragem e comecei a falar
Glória, Glória!
A Ele toda Glória!
Assim eu prego, Assim eu prego
A Ele toda Glória!
Assim eu prego, Assim eu prego
Domingo, na igreja
O pastor me chamou para pregar
Me inspirei na palavra mais linda
Tomei coragem e comecei a falar
Glória, Glória!
A Ele toda Glória!
Assim eu prego, Assim eu prego
Ouvi a notícia hoje, 21 de
janeiro, numa emissora de rádio gospel, clandestina, da cidade de Jequié, que
resolveu fazer uma pesquisa a fim de saber se ela deveria dar espaço a mais
nova paródia. Esta discussão me levou a uma reflexão sobre o evangelho pregado
em nossos dias.
Na rádio as pessoas se
posicionaram contra a tal versão e eu sofria com as opiniões que ouvia. Era coisa
do tipo: “Não concordo que esta música seja tocada na rádio porque ela é uma
imitação de uma música ‘mundana’, as pessoas tocam e dançam nos bares”, “A
letra é até interessante, mas, o ritmo irá fazer lembrar a música original e
levará as pessoas a dançarem da mesma forma que é dançada no mundo”.
Cerca de 98% dos depoimentos
dados no programa foram contrários a execução da música na rádio e todos eles
possuíam um discurso moralista. Somente duas pessoas se posicionaram a favor de
que a música fosse executada na tal rádio e uma dessas pessoas fui eu. Primeiro
justifiquei minha opinião afirmando que só seria contra a excussão da canção
nesta rádio se a mesma somente tocasse músicas de qualidade a exemplo do grupo
jequieense Promessa D e do cantor cristão João Alexandre (estes cantores e
outros também da cidade de Jequié, que não deu tempo citar, compõem músicas com
teor poético e não fogem à mensagem genuína do evangelho).
Disse ainda que o autor da paródia pelo visto estava visando somente o lucro,
pois aproveitou o momento/sucesso da música. E visto que este é também o
objetivo de muitas músicas tocadas naquela rádio, questionei: “se esta emissora
de rádio divulga músicas que possuem o mesmo objetivo financeiro que a paródia
porque excluí-la deste espaço?”. Não obtive resposta.
A versão musical com a linguagem
do mundo gospel somente reafirma aquilo que já sabemos: a obtenção de lucro faz
parte da sua agenda e assim o mundo gospel tem seguido algumas propostas da
cartilha da Rede Globo de Televisão. Hoje a emissora super poderosa, a fim de obter lucros
financeiros, escancara as suas portas para o mercado gospel com direito a
festival e tudo mais.
Mas parece que os fiéis ainda não
entenderam a gravidade da coisa. Muita gente acredita que a emissora toda
poderosa está se rendendo à palavra de Deus, ainda que seja para a obtenção de
lucro. Para estes fiéis os fins justificam os meios. E para mim, seus discursos
caminham em grande dissonância com a verdadeira prática cristã.
Lamentavelmente, a Globo nunca irá se
render à palavra de Deus porque a palavra de Deus não se harmonizará nunca com
práticas capitalistas e perversas pregadas e reafirmadas por esta emissora.
Infelizmente, os problemas dos
brasileiros não foram todos resolvidos. Sarney continua no Senado, nada é feito
para tirá-lo de lá, a democracia no Brasil é algo distante como a Lua do
planeta Terra e o mundo gospel dá a sua contribuição desenfreada ao sistema
capitalista.
Na rádio gospel jequieense o
locutor finalizou seu programa afirmando que não iria tocar a tal paródia em
respeito à maioria dos seus ouvintes. Tomara que ele faça valer as
suas palavras e não mude de ideia, caso veja a Globo, num futuro bem próximo,
consagrando a paródia como fez com tantas outras músicas evangélicas que
significavam lucro garantido.
Ufa! Uma semana carregada essa
nossa. Luisa já voltou do Canadá, o Sarney ainda está no Senado, a música
"Ai se eu te pego" continua fazendo sucesso e agora o mundo gospel se
rende ao mercado do lucro sem perceber que está caminhando de mal a pior.
Concordo plenamente! Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirObrigada Joy pela interação. Abraços!
ResponderExcluirMaravilhoso seria se todos se dessem conta dessas verdades, e muito mais que isso arregaçassem as mangas e fizessem alguma coisa. No momento só podemos expressar nossos pensamentos, que já é uma grande coisa. Obrigada por sermos unânimes nessa.
ResponderExcluirBjus Lourena
Gostei do comentário, é preciso analisar, criticar, td moderadamente, sem moralismos e nem liberalidade exarcebada. mas uma coisa é certa,a espiritualidade ta ficando algo raro e mt gente não ta se dando conta, é aí que tenho mais temor pq nessas horas lembro-me da palavra de Deus quando afirma que quando todas essas coisas acontecerem de fato é pq o amor está esfriando e consequentemente a slavação escapando por entre nossos dedos. Uma triste e dura realidade!
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