domingo, 22 de janeiro de 2012

Ai se eu te pego no mundo gospel


Por Glauce Souza

Considero bastante engraçados alguns fatos sem muita importância que acontecem em nosso país e acabam repercutindo grandemente na mídia e gerando discussões nas redes sociais, emissoras de rádios, mesas de bares e por aí vai. Nos últimos dias temos assistido a episódios como, a insistência da acusação de um “Estupro” (negado tanto pelo acusado, quanto pela vítima), e a transformação de uma frase boba em bordão “menos a Luisa que está no Canadá”.
Enquanto estou escrevendo reflito nas palavras do jornalista do SBT, Carlos Nascimento, que afirmou: “Ou os problemas brasileiros estão todos resolvidos ou nós nos tornamos perfeitos idiotas”.
Mas há também outro assunto que está na boca do povo, é a música “Ai se eu te pego” (gravada primeiramente pelo grupo jequieense Cangaia de Jegue) que alcançou sucesso na voz de Michel Teló e hoje é cantarolada por todo o Brasil e mundo. Quem não sabe o refrão mais famoso do momento? A canção caiu até na graça do povo evangélico, ganhou versão gospel, gerou polêmica e me fez refletir. Não se espante se por acaso você ouvir por aí o ritmo da famosa música, com esta letra:

Glória, Glória!
A Ele toda Glória!
Assim eu prego, Assim eu prego
Domingo, na igreja
O pastor me chamou para pregar
Me inspirei na palavra mais linda
Tomei coragem e comecei a falar
Glória, Glória!
A Ele toda Glória!
Assim eu prego, Assim eu prego


Ouvi a notícia hoje, 21 de janeiro, numa emissora de rádio gospel, clandestina, da cidade de Jequié, que resolveu fazer uma pesquisa a fim de saber se ela deveria dar espaço a mais nova paródia. Esta discussão me levou a uma reflexão sobre o evangelho pregado em nossos dias.
Na rádio as pessoas se posicionaram contra a tal versão e eu sofria com as opiniões que ouvia. Era coisa do tipo: “Não concordo que esta música seja tocada na rádio porque ela é uma imitação de uma música ‘mundana’, as pessoas tocam e dançam nos bares”, “A letra é até interessante, mas, o ritmo irá fazer lembrar a música original e levará as pessoas a dançarem da mesma forma que é dançada no mundo”.
Cerca de 98% dos depoimentos dados no programa foram contrários a execução da música na rádio e todos eles possuíam um discurso moralista. Somente duas pessoas se posicionaram a favor de que a música fosse executada na tal rádio e uma dessas pessoas fui eu. Primeiro justifiquei minha opinião afirmando que só seria contra a excussão da canção nesta rádio se a mesma somente tocasse músicas de qualidade a exemplo do grupo jequieense Promessa D e do cantor cristão João Alexandre (estes cantores e outros também da cidade de Jequié, que não deu tempo citar, compõem músicas com teor poético e não fogem à mensagem genuína do evangelho).
Disse ainda que o autor da paródia pelo visto estava visando somente o lucro, pois aproveitou o momento/sucesso da música. E visto que este é também o objetivo de muitas músicas tocadas naquela rádio, questionei: “se esta emissora de rádio divulga músicas que possuem o mesmo objetivo financeiro que a paródia porque excluí-la deste espaço?”. Não obtive resposta.
A versão musical com a linguagem do mundo gospel somente reafirma aquilo que já sabemos: a obtenção de lucro faz parte da sua agenda e assim o mundo gospel tem seguido algumas propostas da cartilha da Rede Globo de Televisão. Hoje a emissora super poderosa, a fim de obter lucros financeiros, escancara as suas portas para o mercado gospel com direito a festival e tudo mais.  
Mas parece que os fiéis ainda não entenderam a gravidade da coisa. Muita gente acredita que a emissora toda poderosa está se rendendo à palavra de Deus, ainda que seja para a obtenção de lucro. Para estes fiéis os fins justificam os meios. E para mim, seus discursos caminham em grande dissonância com a verdadeira prática cristã.
Lamentavelmente, a Globo nunca irá se render à palavra de Deus porque a palavra de Deus não se harmonizará nunca com práticas capitalistas e perversas pregadas e reafirmadas por esta emissora.
Infelizmente, os problemas dos brasileiros não foram todos resolvidos. Sarney continua no Senado, nada é feito para tirá-lo de lá, a democracia no Brasil é algo distante como a Lua do planeta Terra e o mundo gospel dá a sua contribuição desenfreada ao sistema capitalista.
Na rádio gospel jequieense o locutor finalizou seu programa afirmando que não iria tocar a tal paródia em respeito à maioria dos seus ouvintes. Tomara que ele faça valer as suas palavras e não mude de ideia, caso veja a Globo, num futuro bem próximo, consagrando a paródia como fez com tantas outras músicas evangélicas que significavam lucro garantido.
Ufa! Uma semana carregada essa nossa. Luisa já voltou do Canadá, o Sarney ainda está no Senado, a música "Ai se eu te pego" continua fazendo sucesso e agora o mundo gospel se rende ao mercado do lucro sem perceber que está caminhando de mal a pior.

4 comentários:

  1. Concordo plenamente! Parabéns pelo texto.

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  2. Obrigada Joy pela interação. Abraços!

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  3. Maravilhoso seria se todos se dessem conta dessas verdades, e muito mais que isso arregaçassem as mangas e fizessem alguma coisa. No momento só podemos expressar nossos pensamentos, que já é uma grande coisa. Obrigada por sermos unânimes nessa.

    Bjus Lourena

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  4. Gostei do comentário, é preciso analisar, criticar, td moderadamente, sem moralismos e nem liberalidade exarcebada. mas uma coisa é certa,a espiritualidade ta ficando algo raro e mt gente não ta se dando conta, é aí que tenho mais temor pq nessas horas lembro-me da palavra de Deus quando afirma que quando todas essas coisas acontecerem de fato é pq o amor está esfriando e consequentemente a slavação escapando por entre nossos dedos. Uma triste e dura realidade!

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